ULTRA OPINIÃO

Zema Quebrando a banca
Concurso Polícia Penal MG e a cortina de fumaça

O Governo de Minas anunciou, enfim, a escolha da banca organizadora do concurso da Polícia Penal MG, que vai oferecer 1.178 vagas. O Instituto AOCP - que diga-se de passagem- é apontado em pelo menos 3 casos de irregularidades em concursos, inclusive de Polícia Penal, conforme nossa equipe de jornalismo apurou, será responsável pela seleção.
Em Roraima (2020), um inquérito da Polícia Civil concluiu que, no concurso da Polícia Penal, houve falsidade ideológica: um psicólogo associado à banca incluiu nomes de colegas como membros de banca, embora esses nunca tivessem participado. Isso levantou suspeitas de favorecimento e falhas no processo. A fase psicotécnica foi anulada em liminar judiciária Folha BV.O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou à Justiça o psicólogo envolvido e o então diretor-presidente do Instituto AOCP por participarem da irregularidade documentada Folha BV.
Já em Goiás (2023), surgiram denúncias similares envolvendo fraudes no exame psicotécnico do concurso da Polícia Civil. O AOCP afirmou estar apurando internamente os relatos e justificou um atraso na divulgação das etapas do concurso.
Um caso mais antigo, de 2019, Tocantins, envolveu a divulgação não autorizada de boletins de desempenho. A banca alegou que não tinha autorização para isso, mas sinalizou cooperação com as autoridades em investigações sobre possíveis fraudes.
Mas sejamos francos, e imaginemos que, por as bandas de cá, tudo ocorra bem, digo, com idoneidade: ainda assim, essa notícia chega tarde demais.
Durante todo o mandato, o governo ignorou os apelos da categoria, as denúncias de colapso no sistema prisional e o déficit alarmante de servidores. Enquanto isso, os presídios se transformaram em verdadeiras bombas-relógio: paralisações, insegurança e agentes sobrecarregados em condições desumanas.
Agora, a poucos meses do fim do mandato, o governo tenta posar de realizador anunciando uma medida que, na prática, não terá qualquer efeito imediato. O concurso, com todas as suas etapas, não será concluído até o fim desta gestão. Ou seja, os novos policiais penais só chegarão na próxima administração.
Prometeu e não cumpriu
O atual governo falhou com os servidores da segurança pública e com a sociedade mineira. Não houve prioridade, não houve responsabilidade. Prometeu, enrolou e, quando pressionado pelo caos, empurrou a solução para o próximo governo.
É um ato político, não administrativo. É marketing, não gestão.
Presídios à beira da explosão
Enquanto o governo se exime de responsabilidade, a realidade é clara: os presídios estão parando. Minas Gerais vive um colapso no sistema prisional. A ausência de policiais penais suficientes compromete a ordem, a segurança e expõe trabalhadores e a população ao risco.
O recado que fica
O concurso é necessário, urgente e inadiável. Mas o atraso é injustificável. O governo sai de cena deixando para o próximo gestor um sistema prisional sucateado, servidores desmotivados e uma promessa que não cumpriu.
O concurso pode até ter banca definida, mas o que a população enxerga é um governo indefinido quando o assunto é segurança pública.
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