Carlos Rosolen

Sua empresa é um organismo vivo?
Toda empresa é um organismo vivo

Quando pensamos em uma empresa, muitas vezes a imaginamos como uma máquina: organizada, previsível, cada peça no seu lugar, funcionando sob total controle. Essa percepção transmite segurança e a sensação de domínio, mas não reflete a realidade do ambiente empresarial atual.
Na prática, empresas se comportam mais como organismos vivos do que como máquinas rígidas. Para ilustrar, podemos recorrer a uma metáfora simples: a do fungo.
A metáfora do fungo
Um fungo nasce pequeno, quase imperceptível, e se espalha de maneira imprevisível. Ele não segue um roteiro fixo; cresce conforme encontra nutrientes, espaço e condições favoráveis. Pode surgir em lugares inesperados, se conectar a outros organismos e, muitas vezes, surpreender até quem o observa.
Da mesma forma, uma empresa se desenvolve de maneiras que nem sempre podemos prever. O papel do gestor não é controlar cada movimento, mas entender o ambiente, oferecer condições para o crescimento e observar sinais de evolução.
A ilusão do controle
Planejar, organizar e estruturar processos é essencial, mas a tentativa de controlar todos os detalhes do crescimento pode ser prejudicial. Impor rigidez é equivalente a cortar as raízes de um fungo: o organismo é sufocado e a inovação limitada.
O verdadeiro papel do administrador é acompanhar o crescimento do negócio, nutrir suas capacidades e proteger seu desenvolvimento.
Como o gestor deve atuar
Um gestor eficaz age em quatro frentes:
Observar: estar atento às mudanças do mercado, às necessidades dos clientes e aos sinais internos de evolução.
Nutrir: fornecer recursos, talentos, tecnologia e cultura organizacional para fortalecer a empresa.
Proteger: identificar riscos e criar barreiras contra ameaças que possam comprometer o crescimento.
Permitir: dar espaço para inovação, criatividade e adaptação natural às oportunidades.
Exemplos de crescimento orgânico
Grandes empresas mostram que o crescimento imprevisível pode ser altamente lucrativo:
Amazon: começou vendendo livros online. Ao acompanhar oportunidades de mercado, evoluiu para um ecossistema que inclui marketplace, computação em nuvem (AWS) e streaming, sem forçar cada passo do caminho.
Netflix: nasceu como um serviço de entrega de DVDs. Ao perceber a demanda por conveniência, migrou para streaming e, posteriormente, para produção de conteúdo original, adaptando-se continuamente às necessidades do consumidor.
Esses exemplos demonstram que o sucesso muitas vezes depende de observar, nutrir e permitir que o crescimento aconteça naturalmente, em vez de tentar controlar cada detalhe.
Reflexão final: máquina ou organismo?
Empresários e gestores devem se perguntar:
Estou tratando minha empresa como uma máquina, tentando controlar cada engrenagem?
Ou estou cuidando de um organismo vivo, nutrindo seu crescimento e adaptando-me ao ambiente?
Toda empresa pulsa com vida própria. Compreender isso significa agir como jardineiros de negócios: proteger, nutrir e podar o que for necessário, mas permitir que o crescimento aconteça no seu ritmo e direção.
Porque, no final das contas, a única forma de manter um organismo vivo é permitir que ele cresça.
Carlos Rosolen
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