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Belo Horizonte,04/09/2025

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ULTRA OPINIÃO

O Teatro da Crueldade

Zema, Greco e Badaró, os maestros da perseguição perderam essa


O Teatro da Crueldade


Mais uma vez, a máscara da gestão da segurança pública em Minas cai. O Tribunal de Justiça concedeu vitória ao policial penal vítima de remoção arbitrária, feita não por necessidade real de serviço, mas como instrumento de perseguição e intimidação. A decisão é clara: houve desvio de finalidade. A remoção ex officio foi usada como punição disfarçada, um abuso grosseiro que rasga a Constituição e expõe a face autoritária de quem deveria zelar pela lei.

E por falar em constituição, em Minas, parece que já não se governa com a ela. Governa-se com a malícia. Romeu Zema, Rogério Greco e Leonardo Badaró resolveram brincar de Kafka: policiais penais foram removidos como se personagens de um processo sem acusação, sem defesa, sem sequer a decência de um tribunal de exceção. Punição sem sentença, culpa sem crime. O TJMG, felizmente, fez o papel de lembrar o óbvio: a lei ainda existe.

Mas até a lei, nesse governo, parece uma personagem secundária. Zema posa de gestor moderno, mas permite que sua Secretaria use a “remoção ex officio” como chicote administrativo. Greco, o justiceiro midiático, transformou policiais em réus sem processo. Badaró, fiel escudeiro, assinou memorandos que fariam inveja a qualquer burocrata soviético. E o resultado? Famílias dilaceradas, servidores em colapso emocional, um policial que acabou em acidente. E tudo isso sob a justificativa risível de “racionalização de pessoal”.

Racionalização? Chamemos as coisas pelo nome: assédio institucional, perseguição oficializada, covardia com uniforme.

Mas, nessa trama toda, ainda há um personagem pra lá de inusitado. Não poderíamos deixar passar a atuação, cômica, não fosse trágica, de um certo "deputado da Segurança pública". Ele, o deputado, abriu audiência pública, subiu ao palco, numa encenação digna de Shakespeare, e se dispôs a ouvir as muitas estórias do superintende do prisional. Será que acreditou? Não sei. Mas o fato é que novas imagens que circulam na internet mostram um certo tom amistoso, inclusive com toques, apertos de mãos, acalorados, entre o "deputado da Segurança", o secretário e companhia limitada.

Se vivo, o mineiro Drummond parafrasearia ele próprio:  “no meio do caminho tinha uma pedra”. Em Minas, no meio do caminho tinha um governador que fechou os olhos, um secretário que apontou o dedo e um diretor que carimbou a injustiça. Ah, tinha também um deputado que se fez de bobo. E no meio do caminho, tinha também um servidor moído por um Estado que deveria protegê-lo.

Mas e aí, quem assina essa conta?

O governador Romeu Zema, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, e o diretor do DEPEN, Leonardo Badaró. Foram eles que sustentaram essa farsa. Foram eles que trataram servidores como peças descartáveis, jogando famílias inteiras em colapso emocional, destruindo rotinas, comprometendo a saúde mental de policiais que já trabalham sob pressão constante. Um dos atingidos chegou a sofrer acidente em meio a esse caos — e a responsabilidade política e moral é de quem deu a ordem.

O acórdão desmonta a narrativa oficial. O Estado tentou pintar um cenário de “conluio” do policial em questão em licenças médicas. A Justiça desnudou a verdade: não havia prova, não havia processo disciplinar, não havia contraditório. O acórdão é claro: não havia “conluio”, havia licença médica. Não havia “interesse público”, havia interesse punitivo. Não havia “eficiência administrativa”, havia desvio de finalidade. Mas na cartilha do governo Zema, servidor vira bode expiatório, e a lei, detalhe incômodo. Havia sim arbitrariedade, perseguição e um jogo de poder. A remoção foi transformada em castigo. O TJMG deixou claro: “A Administração não pode utilizar o instituto da remoção ex officio como instrumento punitivo indireto, sob pena de configurar desvio de finalidade e nulidade do ato administrativo”.

Zema, Greco e Badaró falharam não apenas juridicamente, mas eticamente. Jogaram policiais na estrada, longe de suas famílias, sem sequer garantir ajuda de custo obrigatória por lei. Negaram transparência, esconderam documentos, agiram com malícia. Agora, a Justiça recoloca cada um no devido lugar, ao menos para um dos policiais:  ele teve seus direitos reconhecidos, e os gestores, suas práticas expostas.

A pergunta que fica: quem vai pagar pelos danos emocionais, pela família desestruturada, pela humilhação sofrida? Quem vai devolver os dias de tormento, o sono perdido, a saúde emocional corroída? O TJMG anulou o ato, mas não anulou as cicatrizes. E ainda há outros sofrendo com isso

A história vai registrar: em pleno 2025, o governo de Minas decidiu reinventar a Inquisição, mas sem tribunais, sem provas, sem fogueiras — só com memorandos e transferências covardes. Uma espécie de literatura distópica escrita em papel timbrado.

Eis a herança de Zema, Greco e Badaró: transformar a administração pública em palco de perseguição. O futuro lhes fará a mesma pergunta que já ecoa hoje: quem governa punindo inocentes, quando será punido? 

Chega de discurso de eficiência enquanto se pratica perseguição. Chega de gestores que falam em “racionalização” quando na prática promovem assédio institucional. Zema, Greco e Badaró, o tal deputado, precisam ser cobrados — na política, na Justiça e pela opinião pública.

A Justiça já falou. Agora é a sociedade quem precisa falar mais alto: não se governa com arbitrariedade, não se administra com perseguição. Quem pune sem lei, um dia vai responder perante ela.


E nós, aqui deste coluna, estamos de olhos e ouvidos, bem atentos. E claro, encorajando os outros policiais afetados a reivindicarem seus direitos



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